A polêmica do lixo chega a Nova Iguaçu

Vereador do PCdoB na Baixada se revolta com proposta do PV do Rio de levar dejetos dos cariocas para aterro de Adrianópolis 

Marcos Galvão

Rio - A polêmica sobre o aterro sanitário de Paciência, na Zona Oeste do Rio, chegou até a Baixada. Ontem, o vereador iguaçuano Fernando Cid (PCdoB) fez na Câmara discurso inflamado contra a sugestão, apresentada pelo candidato a prefeito do Rio pelo PV, Fernando Gabeira. Ele sugeriu levar o lixo do Rio para Nova Iguaçu como solução provisória diante da saturação do aterro de Gramacho, em Duque de Caxias.

“Nova Iguaçu não é o quintal do Rio, como alguns pensam. A população já convive com a falta d’ água, apesar de o Rio Guandu ficar no município. Agora querem nos empurrar o lixo do Rio”, criticou o vereador, que vai pedir explicações ao secretário de Meio Ambiente de Nova Iguaçu, José Augusto Venda, presidente do diretório municipal do PV.

Venda disse que a conversa que teve com Gabeira foi informal e que não há proposta concreta sobre o assunto. “Vamos analisar a proposta dentro da legalidade e desde que haja planejamento”, disse ele.

O aterro sanitário de Nova Iguaçu, situado em Adrianópolis e administrado pela Central de Tratamento de Resíduos (CTR), opera com modernas tecnologias de engenharia sanitária e ambiental. O projeto foi o primeiro do mundo a ser inscrito no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, do Protocolo de Kyoto, no Japão. A empresa planta mudas de árvores em áreas degradadas, situadas no seu entorno.

O aterro recebe de Nova Iguaçu mil toneladas de lixo por dia e tem capacidade de armazenagem de 25 anos. Já o Rio produz seis vezes mais e despeja grande parte dos dejetos em Gramacho, Caxias, que terá o lixão desativado em dois anos. A CTR informou que a empresa não comentaria a sugestão de Gabeira porque não fora comunicada por ele.

Ontem, no seu programa eleitoral, Gabeira reafirmou que arquivará o projeto do Aterro de Paciência. O assunto foi motivo da resistência inicial da vereadora Lucinha (PSDB), que tem base na Zona Oeste, em apoiá-lo. Gabeira disse que é preciso buscar alternativas e ressaltou que não está falando em aterros sanitários, mas em “usinas de produção de energia”.

Fonte: Jornal O Dia

15/10/2008 02:35:00