sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Polícia investiga milícia em Nova Iguaçu e já tem plano de combate


Grupos paramilitares da Zona Oeste tentam expandir domínios a bairros vizinhos até a Baixada 

Rio - A Baixada Fluminense é o novo foco das milícias no estado. Grupos paramilitares que implantaram o terror em comunidades do Rio, principalmente na Zona Oeste, tentam se estabelecer em bairros limítrofes de Nova Iguaçu, como KM32, Palhada, Jardim Paraíso e Grão Pará. Os bairros são cortados pela Estrada de Madureira, que liga o município à Zona Oeste. Para impedir a expansão dos paramilitares na Baixada, o comandante do 20º BPM (Mesquita), coronel Mauro Gonçalves Teixeira, traçou um plano estratégico. Sem entrar em detalhes, ele afirma que averigua as denúncias e mantém vigilância reforçada nos bairros.

A presença da milícia em Nova Iguaçu chegou a causar protestos anônimos no bairro Grão Pará. Há meses, muros foram pichados com pedido de denúncia sobre as milícias à Corregedoria de Polícia, que agora investiga se a iniciativa partiu de moradores ou de grupos rivais.

A prisão de cinco pessoas e a apreensão de dez armas, ano passado, na localidade de Parque São Francisco, região do KM32, no limite com a Zona Oeste do Rio, é para a polícia um dos indícios da tentativa de invasão. Uma informação anônima levou o serviço reservado (P-2) do 20º BPM (Mesquita) a desarticular o grupo de milicianos. “Foi o único caso efetivo. Mas foi desmantelada graças aos informes”, revelou o coronel Teixeira.

Para especialistas em criminalidade, como os sociólogos Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, e José Cláudio Souza Alves, autor do livro ‘Milícia: Mudança na Economia Política do Crime’, o fenômeno está se consolidando na região.

“As milícias na Baixada atuam com a essência dos grupos de extermínio que sempre existiram na região. Sob o pretexto de garantir a segurança da comunidade, se legitima um grupo organizado que cobra, não só do comércio para manter a área limpa, como os grupos de extermínio, mas se cobra uma taxa de todos pelos serviços oferecidos. A lógica e a essência é a mesma”, alerta o sociólogo José Cláudio Souza Alves, decano de Extensão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFrRJ).

CINCO JOVENS LEVADOS POR HOMENS ARMADOS

Sete muros do bairro Grão Pará foram pichados três meses depois do desaparecimento de cinco moradores da localidade. Homens fortemente armados seqüestraram Wellington Luiz Alves, 18 anos, Robson Luiz de Freitas, 28, Felipe de Brito Martins, 18, Welington Nascimento, 17, e Tiago Neves Ribeiro, 19, que nunca mais foram vistos. Buscas foram feitas nas matas e rios próximos, mas nenhuma pista foi encontrada. A 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Miliar (DPJM/Baixada) e a 56ª DP (Comendador Soares) até hoje investigam a possível atuação de milicianos na localidade, como uma das hipóteses para o desaparecimento dos moradores. No Grão Pará impera a lei do silêncio, onde é proibido pronunciar a palavra milícia.

Estudo aponta grupos em Caxias

Nova Iguaçu e Duque de Caxias são as duas áreas onde mais se registram a presença de milícias depois do Rio de Janeiro. É o que concluiu o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análises da Violência da Uerj (LAV), em seu mais recente estudo. Ele apresentou, na sala das audiências da CPI das Milícias da Assembléia Legislativa (Alerj), a pesquisa ‘Seis por Meia-Dúzia? Um Estudo Exploratório do Fenômeno das Chamadas Mílicias no Rio de Janeiro’, onde foram reunidos 3.469 registros do Disque-Denúncia (2253-1177) sobre as organizações criminosas paramilitares.

Além das denúncias anônimas, o pesquisador reuniu ainda 46 entrevistas com moradores de áreas controladas por milicianos e 248 matérias de jornais publicadas entre janeiro de 2006 e abril de 2008. “As pessoas têm mais receio de falar sobre as milícias do que sobre o tráfico”, declarou o pesquisador em entrevista veiculada no site da Uerj (www.uerj.br), em 25 de agosto.

Fonte: Jornal O Dia

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